domingo, 9 de setembro de 2012

Concílio e a Catequese


 


Este mês no curso para Catequistas os temas abordados foram relacionados aos 50 anos do Concílio do Vaticano II.

 
   Que é um concílio? 
 
É a assembléia de todos os Bispos do mundo ou de uma representação dos Bispos do mundo inteiro que, em comunhão com o Bispo de Roma e Sucessor de Pedro, procura esclarecer questões de fé, de moral ou da vida prática da Igreja. Os concílios são momentos fortes e importantíssimos para a vida de toda Comunidade dos discípulos de Cristo. Em certo sentido, um primeiro encontro assim deu-se em Jerusalém, na época dos Apóstolos, para decidir uma grave questão: os pagãos que se convertessem ao cristianismo precisavam ou não cumprir a Lei de Moisés e o Antigo Testamento. A resposta foi: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós dispensar os cristãos de cumprirem os preceitos do Antigo Testamento” (cf. At 15,1-35). Ao longo da história da Igreja ocorreram ao todo vinte e um concílios ecumênicos. “Ecumênico” aqui não significa que seja uma reunião com outras religiões. Ecumênico significa apenas que o Concílio vale para toda a Igreja; isso para distinguir dos concílios regionais ou nacionais, com Bispos só de uma região ou de um país. Os concílios ecumênicos têm, pois, autoridade sobre toda a Igreja de Cristo, pois aí está reunido o Colégio dos Bispos juntamente com o Papa, como o Colégio dos Apóstolos juntamente com Pedro. A fé nos ensina que os participantes de um concílio gozam de especial assistência do Espírito Santo: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós...” (At 15,28).
           
Pois bem, neste artigo e nos próximos pretendo apresentar um pouco dos documentos principais do Concílio, de suas idéias e sua importância para a vida da Igreja.
O Vaticano II foi convocado pelo Beato Papa João XXIII em 25 de dezembro de 1961, foi solenemente aberto por ele em 11 de outubro de 1962 e foi encerrado pelo Santo Padre Paulo VI em 8 de dezembro de 1965. Que pensamentos moveram o Papa João XXIII a convocar o Concílio? Ele considerava que estávamos entrando num período grave da história humana: “A Igreja assiste, hoje, a uma crise que aflige gravemente a sociedade humana. Obrigações de gravidade e de amplitude imensas pesam sobre a Igreja”, dizia o Papa na Constituição Apostólica Divino Redentor, que convocou o Concílio. O grande problema que ele via era que “a sociedade moderna caracteriza-se por um grande progresso material ao qual não corresponde igual progresso no campo moral. Daí o impulso para a procura quase exclusiva dos gozos terrenos, que o avanço da técnica põe, com tanta facilidade, ao alcance de todos”. O Papa nem imaginava o quanto isso iria se agravar! Mas ele não era pessimista: via “sinais dos tempos” positivos e prometedores: a Igreja não estava sofrendo perseguição (somente nos países comunistas), depois da II Guerra, havia um desejo de paz, solidariedade e entendimento entre as nações, havia um maior desejo de união entre os cristãos, o Papa pensava que os meios tecnológicos iriam ajudar a Igreja a difundir melhor o Evangelho e, finalmente, julgava que o mundo estaria mais aberto para dialogar com a Igreja.
           
O Santo Padre sempre deixou claro que este novo Concílio deveria sempre estar em continuidade com os outros vinte anteriores e deveria ser fiel à Tradição e à fé perene da Igreja de Cristo. E não poderia ser de outro modo. Escutemo-lo no discurso de abertura do Concílio: “É bem natural que, inaugurando o Concílio Ecumênico, nos apraza contemplar o passado, para ir recolher, por assim dizer, as vozes, cujo eco animador queremos tornar a ouvir na recordação e nos méritos, tanto dos mais antigos, como também dos mais recentes Pontífices, nossos predecessores: vozes solenes e venerandas, elevadas no Oriente e no Ocidente, desde o século IV até à Idade Média, e desde então até aos nossos dias, que transmitiram desde aqueles Concílios o seu testemunho; vozes a aclamarem em perenidade de fervor o triunfo da instituição divina e humana, a Igreja de Cristo, que recebe dele o nome, a graça e o significado”. Seu desejo era que a Igreja anunciasse a verdade de Cristo integralmente: “O grande problema, proposto ao mundo, depois de quase dois milênios, continua o mesmo. Cristo sempre a brilhar no centro da história e da vida; os homens ou estão com ele e com a sua Igreja, e então gozam da luz, da bondade, da ordem e da paz; ou estão sem ele, ou contra ele e deliberadamente contra a sua Igreja: tornam-se motivo de confusão, causando aspereza nas relações humanas, e perigos contínuos de guerras fratricidas”. O Papa desejava muito que, com o Concílio, a Igreja encontrasse um modo mais atual de apresentar ao mundo a verdade de sempre. Nada de mudar a doutrina e a moral, nada de amolecer o Evangelho, mas apresentá-lo de um modo mais compreensível ao mundo de hoje: “O que mais importa ao Concílio Ecumênico é o seguinte: que o depósito sagrado da doutrina cristã seja guardado e ensinado de forma mais eficaz. Essa doutrina abarca o homem inteiro, composto de alma e corpo, e a nós, peregrinos nesta terra, manda-nos tender para a pátria celeste”. O Papa recordava, então, o dever da Igreja de empenhar-se em incentivar a humanidade nas suas tarefas tanto individuais quanto sociais, mas recordava que “é necessário primeiramente que a Igreja não se aparte do patrimônio sagrado da verdade, recebido dos seus maiores; e ao mesmo tempo, deve também olhar para o presente, para as novas condições e formas de vida introduzidas no mundo hodierno, que abriram novos caminhos para o apostolado católico”.
Finalmente, o Papa esperava que o Concílio tivesse uma preocupação sobretudo pastoral, uma preocupação de fazer o possível para promover a compreensão entre os cristãos separados da Igreja católica e que usasse mais “o remédio da misericórdia do que o da severidade”.
           
Foram estes os objetivos de João XXIII.
 
Ele morreu logo.
 
Quem continuou o Concílio foi o Santo Padre Paulo VI.
 
Para facilitar o seu andamento, o novo Papa organizou assim as discussões: o tema central do Concílio deveria ser a Igreja.  
 
Primeiro: que é a Igreja? Segundo: qual a sua relação com o mundo atual?
 
Daí surgiram os principais documentos conciliares: a Lumen Gentium (que é a Igreja?), a Dei Verbum (como Deus se revelou e como a Igreja guarda essa revelação?), a Sacrosanctum Concilium (como a Igreja celebra o mistério de Cristo?) e a Gaudium et Spes (como a Igreja se coloca no mundo?).
           
Constituições


 

 
Este livro quer ser uma resposta concreta do episcopado brasileiro às necessidades pastorais de nossa evangelização e aos apelos do papa João Paulo II, na sua visita ao Brasil. Este documento inspirado nas orientações do Vaticano II, Medellín, Puebla e na Exortação de João Paulo II sobre a Catequese, foi enriquecida em três Assembléias Gerais da CNBB, contando com sugestões das dioceses e dos catequistas de várias partes do Brasil.

Pesquisa encontrada neste blog: http://www.catequisar.com.br/texto/catequista/doc/14.htm

Neste artigo, encontra-se um breve resumo da segunda parte do Documento nº 26: Catequese Renovada (Orientações e conteúdo) – CNBB, 1983

“A renovação atual da catequese nasceu para responder aos desafios de uma nova situação histórica. Esta exige a formação de uma comunidade cristã missionária que anuncie, na sua autenticidade, o Evangelho e o torne fermento de “comunhão e participação na sociedade e de libertação integral do homem” (CR 30).

Daí a necessidade de uma evangelização renovada, diz o Diretório Catequético Geral (1971), nº 2: “Impõe-se uma evangelização renovada e não apenas baseada na tradição cultural. Os homens que crêem hoje não são inteiramente iguais aos homens que creram em épocas passadas. Surge, daí, a necessidade de assegurar a perenidade da fé e, ao mesmo tempo, de propor a mensagem da salvação de maneira nova”. Mas não uma nova mensagem.

“A catequese, de fato, tem por objetivo último fazer ecoar e repercutir a Palavra de Deus”(CR 30).

A. Revelação e Catequese

“Deus, em sua bondade e sabedoria, quis revelar-se a si mesmo... Deus fala aos homens como a amigos e com eles conversa” (DV 2).

Mas...
... como Deus fala?
... que comunica?
... a quem se dirige?
... que obstáculos encontra?

Procura orientá-la, aproximá-la de si” (CR 43)

E o ponto alto da revelação de Deus encontra-se na Encarnação de seu Filho Jesus. E, Cristo, “é Ele próprio o primeiro e o maior dos evangelizadores” (EN 7). “É a própria ‘Palavra de Deus ’feita carne’ (CR 50) e que permanece na Igreja que nasce da ação evangelizadora dos doze apóstolos e é enviada por Jesus. Assim, é a Igreja toda que recebe a missão de evangelizar” (EN 15).

Jesus, então, para manter inalterado e vivo o Evangelho, suscitou e conserva na Igreja a Tradição, a Escritura e o Magistério, onde as “comunidades dos discípulos de Jesus não estão a serviço de si próprios, mas dos outros” (CR 66).

B. Exigências da Catequese

B.1 Fidelidade a Deus e ao homem

“Fidelidade a Deus e ao homem, portanto. Não como sendo duas preocupações diferentes, mas como uma única atitude espiritual: o amor”(CR 78-79).

B.2 Fidelidade às fontes

Revelação, Tradição, Liturgia, Credo, Pai Nosso, ...

B.3 Critérios de unidade, organicidade e autenticidade

Unidade: Se faz ao redor da Pessoa de Jesus Cristo. É o cristocentrismo da catequese.

Integridade do conteúdo: "Aqueles que se tornaram discípulos de Cristo têm o direto de receber a ‘palavra da fé‘ não mutilada, falsificada ou diminuída, mas sim plena e integral, com todo o seu rigor e com todo o seu vigor."(CT 30).

Organicidade: Hierarquia das verdades – isto não significa que algumas verdades pertençam à fé menos que outras, mas que algumas verdades se fundam sobre outras mais importantes, e são por elas iluminadas".

Adaptação: Leva em contas as condições dos catequisandos.

B.4 Dimensões da catequese

Cristológica: referência a Cristo (bíblica, litúrgica...)
Eclesiológica: referência à Igreja (comunitária, vocacional...)
Escatológica: referência ao reino futuro.

B.5 Interação

“Na catequese realiza-se uma interação (um relacionamento mútuo e eficaz entre a experiência de vida e a formulação de fé; entre a vivência atual e o dado da tradição)" (CR 113)

B.6 Lugares da catequese

Comunidade cristã: "Lugar ou ambiente normal da catequese” (CR 118). E também: a família, escola, associações...
Catequese com adultos: "deve ser o modelo ideal e a referência, a que se devem subordinar todas as outras formas de atividades catequéticas" (CR 120).

B.7 Catequese segundo idades e situações

“Sempre mais se impõe uma educação permanente da fé que acompanhe o homem por toda a vida e se integre em seu crescimento global” (CR 49).

Adultos:
“Urge que os adultos façam uma opção mais decisiva e coerente pelo Senhor e sua causa, ultrapassando a fé individualista, intimista e desencarnada” (CR 130).

Crianças, adolescentes e jovens:
“Uma das tarefas essenciais dos pais e da comunidade eclesial é criar ambiente e apoio para que a criança, o adolescente e o jovem caminhem para a maturidade da fé” (CR 131).

Excepcionais:
“A família e a comunidade deverão colocar-se à disposição deles, todos os recursos necessários para acolhê-los como membros plenos de sua comunhão, e para o possível conhecimento de Jesus Cristo” (CR 142).

Outras situações:
“A comunidade deve prestar particular atenção e procurar os meios adequados para ir ao encontro das necessidades catequéticas daquelas categorias de pessoas que, por sua condição de vida mais dificilmente podem participar da vida normal da comunidade cristã” (CR 143).

B.8 Missão e formação do catequista

“A formação deve ter o cuidado de não somente desenvolver a capacitação didática e técnica do catequista, mas também, e, principalmente sua vivência pessoal e comunitária da fé e seu compromisso com a transformação do mundo, a fim de que a atuação do catequista, nunca esteja separada do testemunho de vida” (CR 150).

Muitos elementos culturais, didáticos e sobretudo morais são necessários para dar ao catequista o privilégio e a eficácia que o devem qualificar.

B.9 Textos e manuais de catequese

“Espera-se de um bom texto de catequese que, além da clareza doutrinária, encaminhe satisfatoriamente as atividades educativas da fé”(CR 156).

“O uso dos manuais não deve substituir a leitura da Bíblia, livro de catequese por excelência, mas orientar para ela.”(CR 154).

Houve a necessidade de atualizar os métodos pedagógicos na catequese, enriquecendo-os com os recursos de que dispomos atualmente. Tal renovação é positiva quando bem orientada e fiel ao magistério. Urge, conforme diz o Papa João Paulo II no documento Catechesi Tradendae (A Catequese Hoje), que transmitamos uma fé profunda e autêntica que apresente com clareza toda a beleza do Evangelho, sem reduções de nenhuma espécie.

Siglas utilizadas:

CR – Catequese Renovada
CT – Catechesi Tradendae
DV – Dei Verbum
EV – Evangelium Nuntiandi


 
 
 

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